ESG: Uma nova fase na relação entre sociedade e empresas

Embora seja um conceito relativamente novo, o ESG certamente já conseguiu garantir seu lugar nas principais decisões estratégicas das empresas, especialmente por ter uma relação direta com negócios mais sólidos e estruturados.

A sigla, que em inglês significa “environmental, social and governance”, é responsável por estabelecer critérios de análise para avaliar e medir práticas ambientais, sociais e de governança em uma empresa. Em outras palavras, indica o quanto determinado negócio investe em formas de minimizar seus impactos ambientais e incentiva comportamentos éticos e transparentes, voltados para o desenvolvimento social e econômico da comunidade em seu entorno.

Não é de hoje que a preocupação com questões socioambientais é relevante, mas com o aumento da pressão social em relação ao tema e, posteriormente, com a pandemia de COVID-19, as empresas se viram obrigadas a investir em mais esse valor competitivo para os negócios.

De acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 95% das empresas brasileiras têm o tema de ESG como prioridade em suas agendas corporativas, sendo que 67% delas já contam com uma estrutura formal responsável pelo acompanhamento e gerenciamento dessas questões.

Para entender melhor o conceito e essa nova fase da relação entre empresas e sociedade, continue lendo este artigo!

Mas, afinal, o que é ESG?

Conhecido como o conjunto de ações e boas práticas que tem como objetivo definir se a operação de uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente administrada, o ESG é a sigla que reúne os três pilares desse movimento:

  • Environmental (ambiental);
  • Social;
  • Governance (governança);

Juntos, esses três tópicos são usados como critérios para entender a atuação da empresa além das métricas financeiras. Ou seja, busca-se mensurar se a empresa realmente está engajada e tem interesse em gerar, por meio dos seus negócios, impactos financeiros, sociais e ambientais positivos.

O crescimento da adoção dessas práticas e da relevância do tema nos noticiários representa uma verdadeira mudança de paradigma para os negócios, uma vez que, antes, a economia das empresas era totalmente pautada em resultados financeiros, enquanto as questões de cunho socioambiental eram vistas como fatores externos, de responsabilidade da sociedade.

Até mesmo por esse motivo as empresas tinham uma certa resistência em adotar o ESG, acreditando que seria um custo desnecessário e um desvio de foco do produto e da finalidade empresarial que não traria valor financeiro como retorno.

Hoje, entretanto, por pressão de conselheiros, consumidores, investidores e fornecedores, as empresas estão sendo cobradas para minimizar os impactos negativos gerados por suas atividades e, principalmente, para oferecer soluções e novas alternativas para os problemas socioambientais que o mundo enfrenta.

Conheça as principais exigências em cada um dos pilares ESG:

  • Ambiental

O critério ambiental inclui exigências como: gestão de resíduos, política de desmatamento, uso de fontes de energia renovável, logística reversa dos produtos, redução da emissão de gases poluentes, utilização de insumos orgânicos, entre outras.

  • Social

Em relação aos critérios sociais do ESG, existem muitas questões a serem consideradas, como: taxa de turnover da empresa, diversidade de capital humano, bem-estar dos colaboradores, respeito aos direitos humanos, saúde e segurança das equipes, entre outras. Importante reforçar que esses critérios não se aplicam somente aos colaboradores da empresa, mas de terceiros e fornecedores também.

  • Governança

Por último, mas não menos importante, o critério de governança foca em como a empresa é administrada por seus gestores. Entre as questões avaliadas estão: a transparência fiscal e contábil, a remuneração dos acionistas, a integridade e as práticas anticorrupção, a independência do conselho e o compliance.

Como surgiu o ESG?

Para entender como o ESG virou uma tendência nos últimos anos, precisamos compreender as raízes do conceito.

Tudo começou na década de 70, quando os primeiros investimentos motivados por crenças religiosas e estilo de vida começaram nos Estados Unidos. Esse senso moral guiou alguns investidores e empresas durante décadas, mas somente em 2004 o conceito de ESG começou a realmente tomar forma.

Neste ano, a sigla foi usada em uma publicação do Pacto Global, em parceria com o Banco Mundial, intitulada “Who Cares Wins”, ou “Quem se importa, ganha”, na tradução para o português.

O objetivo do artigo era mostrar como empresas engajadas com causas socioambientais e com boas práticas de governança corporativa obtinham melhores resultados, tanto financeiros quanto de reconhecimento de marca.

Depois, em 2007, começaram a surgir os primeiros títulos emitidos com o objetivo de captar recursos para promover melhorias ambientais, os chamados green bonds ou títulos verdes.

No Brasil, a chegada do ESG demorou um pouco mais. Somente nos últimos 10 anos, pudemos observar o aumento da relevância e visibilidade do tema, principalmente por conta do aumento da pressão social em torno de pautas como sustentabilidade e representatividade.

Afinal, cada vez mais sustentáveis e preocupados em conhecer os impactos positivos ou negativos do que compram e consomem, os consumidores passaram a escolher marcas com as quais se identificam, com propósito e valores que compartilham.

Dessa forma, a decisão de compra e fidelidade com a marca depende cada vez mais da crença de que estão comprando de uma empresa ESG, ou seja, que adota boas práticas ambientais, sociais e de governança, para a construção de um futuro sustentável e justo.

É por esse motivo que, hoje, os critérios ESG continuam avançando globalmente, apontando para um caminho sem volta.

Quais os benefícios da adoção de práticas ESG para as empresas?

O que antes era visto como um gasto desnecessário, hoje é entendido como o futuro da economia e, principalmente, do acesso ao capital. As empresas estão entendendo que ser sustentável tende a ser o novo normal competitivo e, dessa forma, quem não se adequar às exigências certamente ficará atrás de seus concorrentes.

Mas, muito mais que valor reputacional, as práticas ESG podem resultar em diversos benefícios para as organizações. Conheça os principais:

  • Maiores chances de investimentos

Hoje, além dos resultados financeiros, os investidores levam em conta a conduta da empresa frente aos problemas socioambientais que o mundo enfrenta. Afinal, ninguém quer investir em um negócio que não se preocupa com o futuro, certo?

  • Sustentabilidade dos negócios

Quando a organização se preocupa em criar maneiras de reduzir alguns impactos negativos, como desperdício e poluição, ela garante a continuidade dos recursos, gerando produtos de melhor qualidade que, consequentemente, trarão maior competitividade e melhores resultados.

  • Possibilidade de aumento de receita

Segundo a pesquisa anual “Consumo Consciente”, realizada pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 75,3% dos consumidores entrevistados afirmam que o fato de as empresas investirem em projetos sociais e/ou ambientais é um diferencial para a decisão de compra frente a uma empresa que não possui projetos nessa área. 

  • Melhora da produtividade

 Ao engajar-se em ações ambientais e de responsabilidade social, a empresa se torna motivo de orgulho e identificação perante seus colaboradores. Dessa forma, além de motivar a produtividade, auxilia na retenção e satisfação dos talentos.

  • Redução de custos

O governo brasileiro oferece linhas de financiamento e incentivos fiscais para empresas e projetos que promovam a sustentabilidade ambiental, como o IPTU verde, por exemplo. Além disso, levando em conta que as ações de compliance acarretam menor risco de problemas jurídicos, trabalhistas, tributários, fraudes e/ou ações por impactos ambientais, podemos observar que, sim, a adoção de práticas ESG também pode reduzir significativamente os custos da sua empresa.

Como vimos, adotar uma agenda ESG pode trazer diversos benefícios para a empresa, que vão de vantagens competitivas, melhoria de reputação e maior lucratividade, até à incrementação do valuation do negócio ao longo do tempo.

As empresas que seguirem por esse caminho certamente conseguirão se destacar em seus segmentos, uma vez que a sustentabilidade e o consumo consciente são tendências globais, além de contarem com um impulso extra para promover o crescimento do negócio ao longo dos anos.

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